GOVERNO DO RN DECRETA SITUAÇÃO DE SECA EM 147 MUNICÍPIOS

Cotidiano

O Governo do Rio Grande do Norte decretou, nesta quarta-feira (1º), situação de emergência por seca em 147 municípios do Estado — o que corresponde a 88% do território potiguar. A medida foi oficializada pelo Decreto nº 34.946, assinado pela governadora Fátima Bezerra, e será publicado no Diário Oficial do Estado (DOE/RN) desta quinta-feira (2).

A decisão leva em conta a forte redução das chuvas no primeiro semestre de 2025, período considerado a estação chuvosa no Semiárido nordestino. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), o volume de chuvas registrado entre janeiro e junho ficou 16,1% abaixo da média histórica. As regiões mais castigadas foram o Central (-24,5%) e o Agreste (-20,4%).

Impactos mais severos no Seridó e Alto Oeste

O decreto classifica 71 municípios em situação de “seca grave”, incluindo cidades como Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros, Caraúbas, Parelhas e Alexandria. Outros 36 foram enquadrados em “seca moderada” e 40 em “seca fraca”.
“O Seridó e o Alto Oeste concentram os efeitos mais graves da estiagem, especialmente a região conhecida como ‘tromba do elefante’, onde 28 municípios sofrem restrições severas”, destacou o coordenador da Defesa Civil Estadual, tenente-coronel Alexandre Fonseca.

Reservatórios em queda e colapso no abastecimento

De acordo com o Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn), os reservatórios monitorados acumulam hoje 2,28 bilhões de metros cúbicos — apenas 44,2% da capacidade. No mesmo período do ano passado, o volume era de 3,14 bilhões.
A Companhia de Águas e Esgotos (Caern) informa que dez municípios já enfrentam situação de colapso ou pré-colapso no abastecimento, afetando 108 mil moradores. O caso mais crítico é o de Serra do Mel, que há quatro anos depende totalmente de carros-pipa após a contaminação dos poços locais.

Agricultura familiar sofre fortes perdas

O setor rural é outro atingido. Relatório da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Pesca (SAPE) aponta quedas expressivas na produção agrícola de sequeiro. A lavoura de milho é a mais prejudicada, seguida por feijão, algodão e sorgo. O algodão agroecológico teve perda estimada em 90% da área cultivada.

Medidas emergenciais e estruturantes

Para minimizar os impactos da estiagem, o governo estadual anunciou ações emergenciais, como a perfuração de 500 poços até abril de 2026, construção de 2.500 cisternas (396 já concluídas), recuperação de dessalinizadores e apoio direto a agricultores familiares.
“Estamos atuando na distribuição de palma forrageira e feno subsidiado, não apenas para consumo imediato, mas para garantir a continuidade da produção e a alimentação do rebanho em futuras estiagens”, explicou o secretário da Agricultura, Guilherme Saldanha.

Atualmente, 76 municípios recebem abastecimento emergencial por meio do Programa Operação Carro-Pipa, coordenado pela Defesa Civil Nacional e executado pelo Exército.

Obras hídricas em andamento

Além das medidas emergenciais, o Estado vem apostando em obras estruturantes. Em março deste ano, foi inaugurada a Barragem de Oiticica, o segundo maior reservatório do RN, que receberá águas da Transposição do Rio São Francisco. A adutora Apodi-Mossoró, com investimento de R$ 82 milhões, já opera em fase experimental e deve reforçar o abastecimento de Mossoró e região.

Estão em andamento ainda a Adutora do Seridó, que beneficiará mais de 300 mil pessoas, e a Adutora do Agreste, projetada para atender 38 cidades, abrangendo cerca de 400 mil habitantes.
“O grande esforço do governo é evoluir da gestão de crise, que atua de forma emergencial, para uma gestão de risco planejada e sustentável”, afirmou o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Paulo Varella Neto.

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